Resumo: Artigo 35926
Os enfoques convencionais da inovação e suas implicações sócio-espaciais em formações periféricas (2, 53, 105, 86, 104, 107)
Ivo Theis, Universidade Estadual de Campinas, BrazilDébora Almeida, Universidade do Contestado, Brazil.
Apresentação: Thursday, May 29, 2008 1:15PM - 1:45PM sala 211 - UNIRIO VII ESOCITE - Sessão 5 - Chair: Márcia Teixeira
Abstract.
Neste artigo serão tratadas questões que dizem respeito aos enfoques convencionais da inovação, que compreendem a perspectiva da hélice tripla, a abordagem neoschumpeteriana e a teoria da regulação. No enfoque da hélice tripla a relação entre universidade e empresa é considerada uma alavanca para o desenvolvimento tecnológico: investimentos em pesquisa tecnológica articulam virtuosamente universidades, indústria e governos e conduzem ao desenvolvimento econômico e social. No enfoque evolucionário conta a diferenciação funcional entre ciência e mercados, de forma que a gestão estratégica da inovação favorece o progresso tecnológico, produzindo, em conseqüência, mudanças na organização e no comportamento dos atores que integram os sistemas de inovação também desembocando em desenvolvimento econômico e social. No enfoque regulacionista, faz diferença o paradigma tecnológico, conceito que se refere aos princípios gerais de organização de trabalho e de técnicas no processo produtivo; todavia, para a escola da regulação devem ser considerados, além do paradigma tecnológico, o regime de acumulação [um modelo macroeconômico] e o modo de regulação [um sistema de regras e coordenação], como dimensões explicativas do processo de desenvolvimento. O que essas abordagens têm a dizer sobre a distribuição da atividade econômica e, sobretudo, da inovação no espaço? O contexto internacional, sobre o qual divergem (em maior ou menor grau) defensores da hélice tripla, neoschumpeterianos e regulacionistas, é marcado por inúmeras experiências de desenvolvimento territorial consideradas bem-sucedidas, segundo sejam examinadas por uns ou outros. A título de exemplo, dois modelos têm chamado atenção dos estudiosos filiados a um ou outro dos referidos enfoques: o primeiro corresponde a espaços produtivos baseados em alta densidade tecnológica aí se destacando desde incubadoras de empresas de base tecnológica até pólos e parques tecnológicos; o segundo se refere aos assim chamados novos distritos industriais aí sendo incluídos desde clusters até APLs. Primeira pergunta: esses modelos contemplam as demandas concretas de indivíduos e comunidades que integram as formações sócio-espaciais periféricas? Segunda pergunta: os enfoques convencionais mencionados oferecem respostas (em termos de políticas científico-tecnológicas e territoriais) para o processo de inovação voltado ao desenvolvimento de formações sócio-espaciais periféricas? O presente artigo tem por objetivos (a) fazer um breve balanço crítico dos principais enfoques sobre inovação, enfatizando a relação entre universidade, ciência tecnologia e inovação, setor produtivo e governo; (b) discutir a importância do processo de inovação para o desenvolvimento territorial em formações sócio-espaciais periféricas; e (c) identificar a presença e a relevância dos diversos sujeitos/atores envolvidos no processo de inovação com destaque para as universidades, a indústria e os governos nas diversas esferas. Pressupõe-se que o desenvolvimento territorial das economias periféricas esteja relacionado às características socioeconômicas, ambientais e culturais das regiões. A hipótese subjacente é que o desenvolvimento territorial nas formações sócio-espaciais periféricas é condicionado pela adoção às vezes, pela imposição de modelos de CT&I inadequados às demandas de indivíduos e comunidades locais/regionais, portanto, às dinâmicas socioeconômicas, ambientais e culturais do território. Os enfoques convencionais da inovação são, por isso, analisados criticamente. Ao se questionar a imposição das tecnologias convencionais às realidades periféricas, também se reconsidera a tríade capital-trabalho-conhecimento à luz das demandas de indivíduos e comunidades que integram as formações sócio-espaciais periféricas.